O Sacramento da Confissão instituído
na Igreja por Jesus Ressuscitado é a celebração do perdão de Deus de forma
eficaz, “ex opere operato”, “pela obra operada”, “em virtude da obra salvífica
de Cristo, realizada uma vez por todas”. “O sacramento não é realizado pela
justiça do homem que o dá ou que o recebe, mas pelo poder de Deus”.
No Sacramento da Confissão o pecador
arrependido recebe o perdão de Deus “com toda certeza” e fica do jeito que foi
batizado, sem nenhum pecado “com toda certeza”. Por isso esse sacramento não
deve ser negligenciado por nenhum cristão guiado pelo Espírito Santo visto que
ele foi instituído por Jesus Ressuscitado para que toda Graça da Salvação que
ele nos mereceu na Cruz alcançasse a nossa vida “com toda certeza”.
Quem se confessa é realmente guiado
pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo. É humilde contra todo orgulho de querer
se salvar sozinho. Sabe que somos tão necessitados da misericórdia de Deus que
acorre ao Sacramento do Penitência em busca do perdão que Jesus garantiu
conceder por esta via, “com toda certeza”. O sacramento da Confissão é próprio
dos humildes, prudentes e corajosos, não dos orgulhosos, imprudentes e
covardes.
A
penitência impele o pecador a suportar tudo de boa vontade. Em seu coração está
o arrependimento; em sua boca, a acusação; em suas obras, plena humildade e
proveitosa satisfação.” (São João Crisóstomo)
No Salmo 51 encontramos os passos fundamentais
para fazer uma boa confissão:
1º
Passo
RECONHECIMENTO
DA
CONCUPISCÊNCIA
Sl
51,7 Eis que eu nasci na culpa, e minha mãe já me concebeu pecador.
Toda
pessoa humana possui a natureza ferida pelo pecado e por isso, é inclinada para
o mal. “Muitas vezes deixo de fazer o bem que quero e acabo fazendo o mal que
não quero” (Rm 7,14-19).
Devemos
ser humildes, desejar e pedir a Deus a sobriedade e a cura de todas as forças
pecaminosas que devem ser arrancadas do mais profundo do nosso ser, os vícios,
instintos egoístas e paixões carnais desordenadas.
2º
Passo
CONFIANÇA
NO AMOR DE DEUS
Sl
51,1 Tende piedade de mim, ó Deus, por teu amor! Por tua grande compaixão,
apaga a minha culpa!
O
reconhecimento do amor de Deus impulsiona o pecador a viver uma vida nova.
Jesus
é a plena manifestação do amor de Deus, pois ele derramou o seu Sangue na cruz
para a remissão dos nossos pecados.
1Jo
2,1 Meus filhinhos, eu lhes escrevo tais coisas para que vocês não pequem.
Entretanto, se alguém pecou, temos um advogado junto do Pai: Jesus Cristo, o
justo. 2 Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados; e não só os nossos,
mas também os pecados do mundo inteiro.
3º
Passo
CONTRIÇÃO
DO CORAÇÃO
Sl
51,19 Meu sacrifício é um espírito contrito. Um coração contrito e esmagado tu
não o desprezas.
A
contrição consiste “numa dor da alma e detestação do pecado cometido, com a
resolução de não mais pecar no futuro.”
Contrição
é o arrependimento que espedaça o coração de pedra e gera vida nova. Não é
remorso que gera desespero mas não transforma em nada o nosso coração, objetivos,
vícios e atitudes pecaminosas.
Embora
o mundo possa influenciar e Satanás faça tentações, o homem deve assumir e
chorar a culpa do seu pecado e não ficar sempre se lastimando como se fosse uma
eterna vítima.
Contrição
sim, covardia não!
Escrever
num papel os pecados veniais e mortais ajuda a fazer o exame de consciência e a
contrição interior.
O
pecado mortal requer pleno conhecimento e pleno consentimento. Pressupõe o
conhecimento do caráter pecaminoso do ato, de sua oposição à lei de Deus.
Envolve também um consentimento suficientemente deliberado para ser uma escolha
pessoal. A ignorância afetada e o endurecimento do coração não diminuem, antes
aumentam, o caráter voluntário do pecado. (CIC 1859)
Ato
de Contrição: Meu Deus, eu me arrependo, de todo coração de todos meus pecados
e os detesto, porque pecando não só mereci as penas que justamente
estabelecestes, mas principalmente porque Vos ofendi a Vós, sumo bem e digno de
ser amado sobre todas as coisas. Por isso, proponho firmemente, com a ajuda da
vossa graça, não mais pecar e fugir das ocasiões próximas de pecar. Amém
4º
Passo
CONFISSÃO
DOS PECADOS
Sl
51,5 Porque eu reconheço a minha culpa, e o meu pecado está sempre na minha
frente; pequei contra ti, somente contra ti, praticando o que é mau aos teus
olhos. Tu és justo, portanto, ao falar, e, no julgamento, serás o inocente.
Além
de reconhecer a culpa dos pecados, o homem se humilha e confessa cada fraqueza
diante de Deus, seja pecado simples ou pecado mortal.
A
confissão favorece que o coração se abra novamente para a comunhão com Deus,
visto que estava fechado no seu próprio egoísmo e orgulho.
A
confissão facilita a conversão, pois é um modo de jogar para fora a doença que
estava contaminando por dentro.
Diante
do sacerdote, o penitente confessa os seus pecados, sabendo que ele representa
a misericórdia de Deus e da Igreja e que recebeu do próprio Jesus a faculdade
de absolvê-los em seu nome.
Para
tomar conhecimento dos pecados e perdoá-los, o padre precisa que o penitente
confesse-os. Como ensinava Santo Agostinho: “Quem confessa os próprios pecados
está agindo em harmonia com Deus. Deus acusa teus pecados; se tu também os
acusas, tu te associas a Deus. O homem e o pecador são por assim dizer duas
realidades: quando ouves falar do homem, foi Deus quem o fez; quando ouves
falar do pecador, é o próprio homem quem o fez. Destróis o que fizestes para
que Deus salve o que ele fez... Quando começas a detestar o que fizestes, é
então que tuas boas obras começam, porque acusas tuas más obras. A confissão
das más obras é o começo das boas obras. Contribuis para a verdade e consegues
chegar à luz.”
Após
a Confissão o sacerdote ministra a ABSOLVIÇÃO dos pecados:
Deus,
Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o
mundo consigo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te
conceda, pelo Ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus
pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo.
Porém,
o sacerdote pode negar a absolvição caso o fiel não esteja realmente
arrependido do pecado confessado, conforme Jesus disse:
Jo
20,23 Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados. Os pecados
daqueles que vocês NÃO PERDOAREM, NÃO SERÃO PERDOADOS.
5º
Passo
SÚPLICA
DA VIDA NOVA
Sl
51,12 Ó Deus, cria em mim um coração puro, e renova no meu peito um espírito
firme. 13 Não me rejeites para longe da tua face, não retires de mim teu santo
espírito. 14 Devolve-me o júbilo da tua salvação, e que um espírito generoso me
sustente.
O
reviver das cinzas do pecado, a vitória do espírito sobre a carne, a derrota de
Satanás, a purificação do mundo, a alegria da salvação... tudo isso é a súplica
do pecador arrependido. E Deus, que escuta os clamores do nosso coração é
todo-poderoso e cheio de misericórdia para nos recriar para uma vida nova em
Cristo Jesus.
6º
Passo
REPARAÇÃO
Sl
51,15 Vou ensinar teus caminhos aos culpados, e os pecadores voltarão para ti.
“O
salário do pecado é a morte!”
Os
nossos pecados sempre deixam consequências negativas na vida do próprio pecador
e dos seus semelhantes, e foi justamente isso o que ofendeu a Deus. Por isso,
uma vez arrependido e perdoado por Deus, o homem deve procurar reparar os danos
causados pelos seus pecados, fazendo justamente o contrário: transformando o
vício em virtude, a maldição em bênção, o ódio em amor, a mentira em verdade...
Deste modo, contribuirá na construção do Reino de Deus, o paraíso celeste que
ele havia perdido pelo pecado, mas que reconquistou graças a Jesus Cristo.
É
uma ofensa grave atribuir a Deus o sofrimento da humanidade, porque Ele “não
fez a morte nem tem prazer em destruir os viventes” (Sb 1,13). “A morte é o
salário do pecado” (Rm 6,23). A verdade é que sempre sofremos as consequências
negativas, seja dos nossos próprios pecados, seja dos pecados de outras pessoas
que acabaram afetando a nossa vida, por exemplo, alguém que nos levantou um
falso testemunho.
Por
detrás de cada pecado sempre existe a fraqueza humana, a influência do mundo e
a tentação de Satanás. Quando compactuamos com o mal a nossa alma fica culpada
diante de Deus. Temos culpa no erro cometido e deveríamos pagar o preço dos
danos acarretados...
Mas
Jesus Cristo veio justamente para nos redimir dos pecados e reconciliar-nos com
o Pai Celeste. Ele pagou um alto preço pela nossa salvação, o preço da sua
própria vida: “Por meio do sangue de Cristo é que fomos libertos e nele nossas
faltas foram perdoadas, conforme a riqueza da sua graça” (Ef 1,7).
Não
esqueça: Importante fazer o exame de consciência diariamente e pedir o perdão
de Deus. Necessário sempre se confessar, ao menos uma vez por ano e toda vez
que cometer pecado mortal!
MODP
Salmo 51