Quem conhece e vivencia o amor de Deus, também ama a Deus. E Deus quer ser amado! Meditemos sobre o Divino Amor com Santo Afonso Maria de Ligório:
Deus é a plenitude de todo o bem, de
toda a perfeição. Deus é infinito, Deus é eterno, Deus é incomensurável, Deus é
imutável. Deus é poderoso, Deus é sábio, Deus é prudente. Deus é justo. Deus é
compassivo, Deus é santo, Deus é belo. Deus é magnificente, Deus é liberal,
Deus é rico, Deus é tudo, e é por isso que merece amor, e grande amor! Deus é
infinito; a todos dá, de ninguém recebe. Deus é eterno; existiu sempre e sempre
existirá. Nós, sim, contamos os anos e os dias da nossa existência, Deus porém,
não conhece princípio, nem terá jamais fim... Deus é tudo, e em confronto com
Deus todas as criaturas, até as mais sublimes, as mais elevadas, as mais
admiráveis, sim, todas juntas, não são nada, simplesmente nada: “O meu ser é
como nada diante de ti” (Sl 38,6). Razão por que Ele merece ser amado, e ser
amado dum grande amor.
Oh! Como os Santos o amavam! São
Francisco de Sales, por sua vez, dizia: “Soubesse eu que no meu coração se
achasse ainda uma fibrazinha que não estivesse impregnada inteiramente de santo
amor para com Deus, e eu a arrancaria sem demora, atirando-a para bem longe de
mim”. Os Santos O amavam a tal ponto, porque O conheciam melhor do que nós.
Procuremos, pois, conhecê-lo melhor.
Justamente por nos amar ardentemente
Deus deseja ardentemente que nós também O amemos. Razão por que não somente Ele
nos excitou a que O amemos, pelos Seus repetidos convites na Escritura Sagrada
e por tantos benefícios dispensados tanto em comum a todos os homens como em
particular a cada um de nós; mas, além disso, quis nos constranger a amá-lo por
um preceito expresso. Pois que ameaça cada um de nós com o inferno, se não O
amarmos e promete aos que O amam, o paraíso. “Deus quer que todos se salvem e
que ninguém se perca” e ainda: “Deus espera com paciência por amor de vós, não
querendo que ninguém pereça, mas que todos se convertam à penitência”, assim
nos ensinam com as palavras mais inequívocas os Príncipes dos Apóstolos (1Tm
2,4; 2Pd 3,9).
Não padece, pois, a dúvida: Deus nos
ama, e nos ama ardentemente, e justamente por nos amar ardentemente, quer que O
amemos, também nós de todo o coração. Razão por que Ele nos manda a cada um em
particular: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração”, acrescentando,
notai bem: “Estas palavras que eu hoje te íntimo, estarão gravadas no teu
coração, e tu as ensinarás a teus filhos e as meditarás sentado em tua casa e
andando pelo caminho e estando no leito e ao levantar-te; e as atarás à tua mão
como um sinal e elas estarão como um frontal diante dos teus olhos e as
escreverás sobre o limiar e sobre as portas da tua casa” (Dt 6,5-9).
A alma que ama verdadeiramente a Deus,
diz São Bernardo, não pode querer outra coisa fora do que Deus quer.
Meios para se adquirir o Divino Amor
- Desapego das Criaturas
- Meditação da Paixão de Jesus Cristo
- Conformidade com a Vontade de Deus
- A Meditação
- A Oração
Sinais infalíveis para averiguarmos, se possuímos o divino amor
O amor divino é, na Escritura Sagrada,
comparado com o fogo. Ora, possui o fogo duas qualidades: primeiro, resiste a
tudo o que se lhe oponha, a ventania e viração; até mesmo, em vez de se apagar,
tira delas maior força, e arde mais. Em seguida, é operoso: havendo fogo, há
operosidade, pois, o fogo quer consumir, é sempre ativo. Eis aí, pois, duas
caraterísticas inequívocas para nos certificarmos do amor de Deus em nosso
coração: paciência e trabalho.
Trabalhamos sempre por nosso Deus?
Guia-nos, ao menos, a boa intenção de em tudo cumprirmos o Seu agrado?
Suportamos, de boa mente, por amor dEle, toda adversidade, pobreza, aflições,
acabrunhamentos, doenças e coisa que o valha? Bem longe de nós apartar dEle,
prende-nos tudo isso a Ele mais intimamente? Se é assim, então possuímos o amor
de Deus; o nosso amor é um fogo operoso que oferece resistência às
contrariedades; se é, porém, o contrário, então o nosso amor para com Deus não
é verdadeiro, é amor falso, é amor, só de palavra, não é amor sincero. Contra
esse amor insincero adverte-nos São João em sua primeira Epístola, dizendo:
“Meus queridos filhinhos, não amemos só em palavras e com a língua, mas por
obra e em verdade.” (3,18)
Se não for operoso o amor, diz São
Gregório, não é amor. E Jesus Cristo assevera: “O que tem os meus mandamentos e
os observa, esse é o que me ama.” (Jo 14,21)
MOPD Deuteronômio 6,4-8
Oração de São
Boaventura
para adquirir o
Divino Amor
Ó dulcíssimo Jesus, feri o meu coração com a doce flecha do Vosso amor,
para que eu sempre enlanguesça e me consuma de amor para convosco e de desejo
por Vós; fazei com que eu arda em veementes desejos de deixar esta vida a fim
de me unir inteiramente a Vós na eterna bem-aventurança. Tornai a minha alma
constantemente faminta de Vós que sois o Pão dos anjos, Jesus na Santíssima
Eucaristia. Oxalá tivesse ela sempre sede de Vós, ó Fonte de vida e de luz!
Tenda para Vós o seu desejo, procure a Vós, não fale senão a Vós e de Vós.
Encontre tão só a Vós e sempre dirija tudo ao Vosso louvor e à Vossa glória.
Sede Vós, ó Redentor, minha única esperança, Vós minha riqueza, minha
consolação, minha paz, meu refúgio, minha sabedoria meu quinhão, meu tesouro,
ao qual fiquem para todo o sempre apegados o meu coração e a minha alma.
Oração à
Santíssima Virgem
Maria para obter
o amor para
com Jesus e para
com Ela
Ó Maria, vós desejais com tanto ardor ver amado o vosso diletíssimo Filho
Jesus. Se é que Vós me amais, eis a graça que por vosso intermédio peço e que
necessariamente deveis alcançar para mim: obtende-me um grande amor para com
Jesus Cristo, fazei que não ame outra coisa senão a Ele. Vós alcançais dele
tudo o que quereis, ouvi-me, pois, orai por mim e consolai-me. Ligai-me de tal
maneira a Jesus, que jamais cesse de amá-lo. Obtende-me, outrossim, um grande
amor para convosco que sois a criatura mais amante, mais amável e de Deus mais
amada. Alimento grande confiança na vossa clemência e amo-vos, ó minha Rainha;
amo-vos, porém, muito pouco; alcançai- me de Deus um amor bem maior; pois
amar-vos é uma graça que Deus outorga tão somente aos que operam a sua
salvação.