Jesus morreu livremente para satisfazer a
justiça de Deus e justificar o pecador. Foi um sacrifício físico e cruento, mas
motivado pelo amor ao Pai que sempre quis a salvação da humanidade. Foi esta
vontade do Pai, foi este amor do Pai que nos salvou mediante o SIM de Jesus
que, também tendo amado os seus, amou-os até o fim.
Uma vez que é impossível eliminar os
pecados pelo cumprimento da Lei de Moisés e com o sangue de touros e bodes, o
Filho de Deus disse ao Pai no seio da Santíssima Trindade:
Hb 10,5 Tu não quiseste sacrifício e oferta. Em vez
disso, tu me deste um corpo. 6 Holocaustos e sacrifícios não são do teu agrado.
7 Por isso eu disse: Eis-me aqui, ó Deus - no rolo do livro está escrito a meu
respeito - para fazer a tua vontade.
Hb 10,8 Primeiro diz: “Não queres e não te agradam
sacrifícios e ofertas, holocaustos e sacrifícios pelo pecado.” Trata-se de
coisas que são oferecidas segundo a Lei. 9 Depois acrescenta: “Eis-me aqui para
fazer a tua vontade”. Desse modo, Cristo suprime o primeiro culto para
estabelecer o segundo. 10 É por causa dessa vontade que nós fomos santificados
pela oferta do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas. 11 Cada sumo
sacerdote se apresenta diariamente para celebrar o culto e oferecer muitas
vezes os mesmos sacrifícios, que são incapazes de eliminar os pecados. 12
Jesus, porém, ofereceu um só sacrifício pelos pecados e se assentou à direita
de Deus.
A linguagem da cruz é loucura para
aqueles que se perdem. Mas, para aqueles que se salvam, para nós, é poder de
Deus. A loucura de Deus é mais sábia do que os homens e a fraqueza de Deus é
mais forte do que os homens! (1Cor 1,18.24)
A Igreja ensina:
A justificação é a obra mais excelente do
amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus e concedido pelo Espírito Santo.
Santo Agostinho pensa que “a justificação do ímpio é uma obra maior que a
criação dos céus e da terra”, pois “os céus e a terra passarão, ao passo que a
salvação e a justificação dos eleitos permanecerão para sempre”. Pensa até que
a justificação dos pecadores é uma obra maior que a criação dos anjos na
justiça, pelo fato de testemunhar uma misericórdia maior.
Diante do tribunal dos homens o juiz tem
autoridade para absolver ou condenar o criminoso seguindo à risca o Código de
Direito Penal do seu país. Se o criminoso conseguir se justificar, ele é
declarado inocente e liberado para conviver na sociedade, caso contrário, ele é
condenado a pagar pelo crime cometido. De forma semelhante, diante do Tribunal
da Justiça Divina, por justiça, o pecador merecia pagar a pena devida ao pecado,
estipulada pelo Criador lá no paraíso: a morte eterna. Mas Jesus teve
misericórdia, carregou no madeiro os nossos pecados, justificou o pecador e o
absolveu.
A justiça de Deus em Jesus é
misericordiosa, mas não deixa de ser justiça. Basta que o pecador se arrependa
dos pecados e professe a fé em Jesus Cristo, o Filho do deus Vivo, ele é
perdoado, justificado e absolvido. Mas se mesmo assim ele não se arrepender e
nem crer em Jesus, então por culpa própria prefere a sua condenação.
Jo 3,16 Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o
seu Filho único (à morte), para que todo o que nele acredita não morra, mas
tenha a vida eterna. 17 De fato, Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para
condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele. 18 Quem
acredita nele, não está condenado; quem não acredita, já está condenado, porque
não acreditou no nome do Filho único de Deus.
“Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc
1,15), exortava Jesus nos inícios do seu ministério. O primeiro passo é a
conversão. O segundo, estreitamente dependente do primeiro, é a fé. Os dois são
dons da graça de Deus, mas sempre com a livre aceitação do homem.
Converter-se parar crer... Pela
conversão, que é metanoia, damos uma guinada de 180 graus na nossa vida,
mudando de caminho, mudando de trajetória, indo na direção do Deus Único e
Verdadeiro. Pela fé colocamos a nossa vida em Cristo, o Filho do Deus Vivo, o
nosso Senhor, Salvador e Redentor.
Ninguém é salvo por si mesmo e ninguém
pode salvar ninguém. Somente Jesus é o Salvador da humanidade. Desta forma,
após a conversão, o primeiro grande efeito da Graça de Deus na nossa vida é a
justificação pela Fé e pelo Batismo em Cristo Jesus (Rm 3,21-26; Cl 2,12; 1Cor 6,11;
12,13; Jo 3,5; Mt 28,19).
Depois da conversão, se acreditamos e
colocamos a nossa vida aos pés da cruz para a qual fomos atraídos pelo amor de
Deus revelado e concedido em Jesus, a Graça de Deus nos justifica. Ela nos torna
justo, ou seja, nos faz retos diante do Pai Celeste e por isso “merecedores” da
vida eterna. Merecemos não pelos nossos méritos, mas por Jesus que nos
justificou atraindo para si os nossos pecados e nos lavando na sua misericórdia.
A Graça da “justificação aparta o homem
do pecado, que contradiz o amor de Deus, e lhe purifica o coração. A
justificação ocorre graças à iniciativa da misericórdia de Deus, que oferece o
perdão. A justificação reconcilia o homem com Deus; liberta-o da servidão do
pecado e o cura”.
Somos justificados pela fé em Cristo
Jesus. Este é o miolo do Evangelho. Ele nos amou por primeiro quando ainda
éramos pecadores. Nele e por Ele fomos reconciliados com o Pai. Tudo isto não
depende das nossas boas obras, dos nossos méritos, dos nossos sacrifícios.
Definitivamente, somos justificados, ou seja, declarados justos diante de Deus
Pai e herdeiros da salvação somente através do Cristo Jesus. Nele, nossas
faltas são perdoadas conforme a riqueza da sua graça (Ef 1,7).
A Igreja continua ensinando:
A justificação foi-nos merecida pela
paixão de Cristo, que na cruz Se ofereceu como hóstia viva, santa e agradável a
Deus, e cujo sangue se tornou instrumento de propiciação pelos pecados de todos
os homens. A justificação é concedida pelo Batismo, sacramento da fé.
Conforma-nos com a justiça de Deus que nos torna interiormente justos pelo
poder da sua misericórdia. E tem por fim a glória de Deus e de Cristo, e o dom
da vida eterna.
Rm 5,1 Assim, justificados pela fé, estamos em paz com
Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Por meio dele e através da fé,
nós temos acesso à graça, na qual nos mantemos e nos gloriamos, na esperança da
glória de Deus. 6 De fato, quando ainda éramos fracos, Cristo, no momento
oportuno, morreu pelos ímpios. 7 Dificilmente se encontra alguém disposto a
morrer em favor de um justo; talvez haja alguém que tenha coragem de morrer por
um homem de bem. 8 Mas Deus demonstra seu amor para conosco porque Cristo
morreu por nós quando ainda éramos pecadores. 9 Assim, tornados justos pelo
sangue de Cristo, com maior razão seremos salvos da ira por meio dele. 10 Se
quando éramos inimigos fomos reconciliados com Deus por meio da morte do seu
Filho, muito mais agora, já reconciliados, seremos salvos por sua vida. 11 E
não só isso. Também nos gloriamos em Deus por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo, do qual obtivemos agora a reconciliação. 12 Assim como o pecado entrou
no mundo através de um só homem e com o pecado veio a morte, assim também a
morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram. 13 De fato, já antes da
Lei existia pecado no mundo, embora o pecado não possa ser levado em conta
quando não existe Lei. 14 Ora, a morte reinou de Adão até Moisés, mesmo sobre
aqueles que não haviam pecado, cometendo uma transgressão igual à de Adão, o
qual é figura daquele que devia vir. 15 O dom da graça, porém, não é como a
falta. Se todos morreram devido à falta de um só, muito mais abundantemente se
derramou sobre todos a graça de Deus e o dom gratuito de um só homem, Jesus
Cristo. 16 Também não acontece com o dom da graça, como aconteceu com o pecado
de um só que pecou: a partir do pecado de um só, o julgamento levou à
condenação, ao passo que a partir de numerosas faltas, o dom da graça levou à
justificação. 17 Porque se através de um só homem reinou a morte por causa da
falta de um só, com muito mais razão reinarão na vida aqueles que recebem a
abundância da graça e do dom da justiça, por meio de um só: Jesus Cristo. 18
Portanto, assim como pela falta de um só resultou a condenação para todos os
homens, do mesmo modo foi pela justiça de um só que resultou para todos os
homens a justificação que dá a vida. 19 Assim como, pela desobediência de um só
homem, todos se tornaram pecadores, do mesmo modo, pela obediência de um só,
todos se tornarão justos. 20 A Lei sobreveio para dar plena consciência da
falta; mas, onde foi grande o pecado, foi bem maior a graça, 21 para que, assim
como o pecado havia reinado através da morte, do mesmo modo a graça reine
através da justiça para a vida eterna, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
MOPD Romanos
5,1-21