A
salvação vai além da conversão e da justificação. Ela comporta a santificação e
a renovação do homem interior.
A vida
que nasce no batismo precisa crescer e se desenvolver até atingir a estatura de
Cristo Jesus, o homem perfeito. A obra de Deus não pode ficar pela metade.
Aquele que começou a viver vida nova deve crescer e frutificar. O que foi
resgatado do chiqueiro do mundo é chamado a viver com dignidade, a viver a vida
verdadeira de um filho de Deus.
Santidade
é viver com dignidade a vida verdadeira de filho e filha de Deus. Deus é santo
como Deus e, seguindo o seu exemplo, devemos ser santos como homens.
Santificação não se contrapõe com a humanização pois é quanto mais humanos
formos que mais santos seremos.
Deus
nos criou muito bons, com selo de qualidade. Foi o pecado que feriu a nossa
natureza e atrapalhou o projeto de Deus. Santidade é viver a vida assim como
éramos antes do pecado original.
A
parábola do filho pródigo (Lc 15,11ss) é um ótimo exemplo sobre como viver em
santidade.
Um
homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: “Pai, me dá a parte da
herança que me cabe”. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o
filho mais novo caiu em tentação, juntou o que era seu, e desabou pelo mundo
afora. Aí esbanjou tudo numa vida desenfreada e mundana.
Quando
tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome na região, e ele começou
a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o
mandou para a roça, cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a
lavagem que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. Enquanto tinha dinheiro,
tinha muitos “amigos”. Quando ficou sem nada, vivendo como porco entre porcos,
todos fugiram e o abandonaram.
No meio
dos porcos, no fundo do poço, no chiqueiro do mundo aonde o pecado lhe colocou,
caindo em si, disse: “Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu
aqui, morrendo de fome... Vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a
ele: - Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu
filho. Trata-me como um dos teus empregados”. Então se levantou, e foi ao
encontro do pai.
A
sagrada recordação do amor do Pai lhe motivou a voltar para casa. Acreditou no
amor de Deus, arrependeu-se dos pecados, deu passos de conversão e voltou para
casa. Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu
correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. Então o filho disse: “Pai, pequei
contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho”. Mas o pai o
perdoou e justificou, concedeu-lhe o favor da sua graça, mesmo que ele não
merecesse.
Até
aqui vemos a graça da conversão e da justificação perdoando os pecados. Tudo
isso porque o filho pródigo acreditou no amor de Deus, se arrependeu e voltou
para casa. Ele foi salvo pela graça de Deus mediante a fé, não pelos seus
méritos, porque mérito nenhum ele tinha, era um pobre miserável, um pobre
pecador que quebrou a cara e esbanjou tudo no meio do mundo. Deus lhe perdoou
de graça, simplesmente porque ele teve fé e se arrependeu.
Porém,
aquele que começou a viver vida nova não podia ficar com o semblante do homem
velho, perdido e fedendo a merda de porco. Precisava viver com dignidade a vida
verdadeira de filho amado de Deus. Resgatado do mundo, não podia mais viver
como se ainda estivesse no chiqueiro do mundo, vivendo desgraçadamente como porco
entre porcos.
Por
isso, logo após abraçá-lo e perdoá-lo, o Pai Misericordioso disse aos
empregados: “Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem
um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Peguem o novilho gordo e o matem.
Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver;
estava perdido, e foi encontrado”. E começaram a festa.
Santidade
não tem nada a ver com sujeira, catinga e tristeza. Santidade é viver com
dignidade no amor de Deus e dos irmãos, lavado, anel no dedo, sandália nos pés,
roupa nova e perfumado. O filho amado de Deus que estava perdido e foi
encontrado, que estava morto e voltou a viver, não pode viver como porco entre
porcos. Deve viver por dentro e por fora como filho amado de Deus, espalhando o
bom perfume de Cristo.
2Cor
2,14 Graças sejam dadas a Deus, que nos faz participar do seu triunfo em Cristo
e que, através de nós, espalha o perfume do seu conhecimento no mundo inteiro.
15 De fato, diante de Deus nós somos o bom perfume de Cristo entre aqueles que
se salvam e entre aqueles que se perdem: 16 para uns, perfume de morte para a
morte; para outros, perfume de vida para a vida.
MOPD Lucas 15,11-32