“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si” (Gal 5, 22)
Antes
de começarmos a falar sobre os frutos do Espírito Santo convém apresentar
algumas diferenças entre eles e os dons do mesmo Espírito.
Os
dons do Espírito são dados, concedidos para a missão específica a qual fomos
chamados, ou seja, cada pessoa exerce um apostolado específico (serviço) por
meio do dom recebido e colabora para a edificação da Igreja de Deus e também
dos irmãos. “Assim, também vocês: já que aspiram aos dons do Espírito, procurem
tê-los em abundância para a edificação da Igreja” (1 Cor 14, 12).
Neste
sentido, os dons identificam o que fazemos dentro da Igreja do Senhor de acordo
com a escolha do próprio Espírito. “Mas é o único e mesmo espírito que realiza
isso, distribuindo os seus dons a cada um, conforme ele quer” (1 Cor12, 11).
Se
o dom tem a ver com a nossa missão dentro da Igreja e com a escolha do Espírito
Santo, isso quer dizer que não possuímos igualmente os mesmos dons e nem temos
individualmente todos eles. “Ora, vocês são o corpo de Cristo e são membros
dele. Cada um no seu lugar” (1 Cor 12, 27).
Por
sua vez, “os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em
nós como primícias da glória eterna” (CIC, § 1832). Os frutos do espírito são
gerados em cada um de nós e não apenas dados. Eles pressupõem uma caminhada
discipular, manifestam-se a partir da nossa conversão. Eles revelam aquilo que
somos e não apenas o que fazemos. “Os que pertencem a Cristo crucificaram os
instintos egoístas junto com suas paixões e desejos” (Gl 5, 24). É por meio
deles que testemunhamos a nossa pertença ao ressuscitado, tornamo-nos
testemunhos vivos do próprio Cristo que vive em nós.
Os
frutos nos permitem assumir cada vez mais as atitudes de verdadeiros discípulos
de Cristo, tornando-nos mais semelhantes a Ele e, por conseqüência, também ao
Pai. E ainda nos fazem experimentar já aqui na terra a santidade e felicidade, que
viveremos plenamente diante da eterna presença do Bom Deus.
Todos
aqueles que fizeram uma experiência com o Ressuscitado, ou seja, que viveram
sua primeira conversão precisam estar abertos à ação do Espírito Santo para que
Ele possa ir gerando dentro de cada discípulo os frutos da vida nova em Cristo.
Frutos estes que formados no interior de cada pessoa a modelará de acordo com o
caráter do próprio Jesus, ajudando-a
“Amar
como Jesus amou
Sonhar
como Jesus sonhou
Pensar
como Jesus pensou
Viver
como Jesus viveu
Sentir
o que Jesus sentia
Sorrir
como Jesus sorria” Padre Zezinho.
São
Paulo ao apresentar os frutos do Espírito coloca como o primeiro da lista o
amor, pois é o amor o fundamento de tudo, nele é que todas as coisas são
geradas. Todos os demais frutos nascem a partir do amor e todas as obras
somente terão eficácia se forem realizadas no amor.
Pelo
amor fomos criados e nele é que somos redimidos, pois o próprio “Deus é amor”
(1 Jo 4,8.16). Tendo a humanidade sido criada à imagem e semelhança de Deus e
assim chamada a viver em comunhão plena com Ele, e depois perdendo essa
comunhão por causa do pecado, ela também perde a capacidade de amar,
distancia-se da sua essência que é o próprio Amor. Entretanto, Deus que é a
personificação do amor intervém através de Seu filho unigênito Jesus Cristo e
por meio de Sua doação total nós somos perdoados e convocados a viver com Ele,
por Ele e Nele.
Sendo
Deus amor e nos amando incondicionalmente, indo além de todas as nossas
fraquezas, perdoando sempre e nos restabelecendo a dignidade de sermos Seus
filhos amados por meio da entrega de Seu Filho, Ele também nos convida a
amarmo-nos da mesma maneira que Ele nos ama e assim permanecer no Seu amor (Jo
15, 9-12). Como Deus não nos pede nada sem que antes nos dê todas as condições
para realizá-lo, “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito
Santo que nos foi dado” (Rm5,5). Por nós mesmos não somos capazes de amar como
o próprio Deus, pois ainda temos em nós as marcas do pecado. Por isso o próprio
Espírito de Deus, a terceira pessoa da Santíssima Trindade, vem em nosso
auxílio, ajudando-nos a sermos em Deus e a deixarmos que Deus seja em nós para
que através de nossa entrega Ele também possa atingir a outros com o Seu Amor.
Precisamos
amar, é isto que o Bom Deus nos pede. Amar é dar a própria vida. E dar a vida é
renunciá-la e entregá-la gratuitamente como o próprio Jesus o fez. Devemos
estar dispostos a mostrar ao mundo com atitudes (testemunho) que o amor de Deus
em nós, convida-nos a viver como irmãos e a sermos sempre mais amor uns para
com os outros. “E acima de tudo, vistam-se de amor, que é o laço da perfeição”
(Cl 3, 14)
Portanto, renunciemos
a nós mesmos e a toda obra da carne e supliquemos ao Espírito Santo que Ele
gere em nós os frutos da vida nova em Cristo para que todos “sejam imitadores de Deus,
como filhos queridos. Vivam no amor, assim como Cristo nos amou, e se entregou
a Deus por nós, como oferta e vítima, como perfume agradável” (Ef 5, 1-2).
Edilma Saboia
Discípula Consagrada
de Aliança do DJC
Série Frutos do
Espírito Santo