“Senhor, o que queres que eu faça?” ( At 9,6; At 22, 10)
Você
talvez esteja distraído, como Paulo estava, talvez até muito envolvido em
alguma tarefa que acredite ser importante neste exato momento.
De
repente, o Senhor aparece, lhe dirige a Palavra e a primeira coisa que você
precisa fazer é se perguntar: Senhor, o que queres que eu faça?
E o
momento em que o Senhor lhe fala pode ser exatamente este aqui, enquanto você
está lendo este texto, que é apenas um pequeno instrumento, um pequeno pretexto
para Ele lhe alcançar.
Foi
assim que Paulo fez. Colocou a pergunta e esperou de Deus a resposta. E isso já
sinaliza três coisas muitos importantes para uma vida plenamente realizada: se
Paulo ouve a voz do Senhor, embora ali, Deus tenha agido de forma sobrenatural
mesmo, já está se abrindo para um grau de intimidade com o Senhor, já é sinal
de que está aberto a Ele.
Então,
podemos dizer que a primeira coisa fundamental para que você seja uma pessoa
realizada, de verdade, é ter uma intimidade com Deus, intimidade esta que
poderá crescer a cada dia. E aqui convém lembrar que apenas estar na Igreja, ir
a encontros de oração não é o suficiente para cultivar a intimidade com o
Senhor.
Exemplo
disso é exatamente São Paulo, ele vivia no templo, era um estudioso da Lei,
estudou na melhor escola, a de Gamaliel. Mas não foi capaz de reconhecer Jesus,
seus discípulos e, em vez de ser um com eles, os perseguia. Estava cego, cheio
de orgulho e preso apenas à Lei, como se o homem conseguisse sozinho, por suas
próprias forças ser justo. E só mudou após aquele encontro pessoal com Jesus, a
ponto de depois afirmar em uma de suas cartas aos coríntios: “Foi ele que nos
tornou capazes de sermos ministros de uma aliança nova, não aliança da letra, mas
do Espírito; pois a letra mata, e o Espírito é que dá a vida.” (2 Cor 3, 6)
O
encontro pessoal com Cristo muda radicalmente a pessoa que abandona a
mentalidade e o modo de viver de até então e sente necessidade interior de
abraçar o novo que o Senhor lhe propõe! “Por causa de Cristo, porém, tudo o que
eu considerava como lucro, agora considero como perda. E mais ainda: considero
tudo uma perda, diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor Jesus
Cristo. Por causa dele perdi tudo, e considero tudo como lixo, a fim de ganhar
Cristo, e estar com ele. (Fl 3,7-9)
Por
isso, você precisa, no seu dia a dia tirar tempo para cultivar esse
relacionamento, estar a sós com Deus, para conversar com Ele, para ouvi-lo
através da sua Palavra. Para você ter este encontro pessoal com Jesus, de
pessoa para pessoa, de ser humano frágil e pecador com Deus Santo e cheio de
misericórdia. Em resumo, você precisa reservar tempo para a Oração e meditação
da Palavra de Deus. E “a oração é um trato de amizade com Deus”, já dizia Santa
Teresa. Ou seja, orar é conversar com o Bom Deus. Do mesmo modo que você
conversa com seus amigos, você precisa conversar com Ele, que deve ser o seu
amigo mais íntimo, para quem você fala TUDO, diante de quem vocês expõe suas
questões, suas dúvidas, seus sonhos e projetos. E também para quem você
pergunta: Senhor, o que queres que eu faça?
A
grande pergunta paulina sinaliza o nosso segundo ponto de reflexão: o senhorio
de Jesus sobre nossa vida e a renúncia a nossa vontade própria, pois uma coisa
implica na outra. Quando você se coloca esta pergunta - “Senhor, que queres que
eu faça?” - já demonstra que não quer viver de acordo com seus pensamentos,
suas vontades, seus planos humanos. Pelo contrário, você agora quer viver
segundo a vontade de Deus, quer saber não apenas o que agrada a Deus, mas o que
mais lhe agrada a fim de melhor servi-lo e agradá-lo.
Ao
deixar-se guiar pela Vontade Divina, que tudo faz para que sejamos felizes,
permitimos a ação de Deus em nós, já não nos pertencemos, damos livre acesso a
Ele e buscamos agora viver sob a Graça do Espírito Santo, sermos guiados
unicamente por Ele e não por nossa carne, nossos instintos. E então, estamos no
caminho da verdadeira realização, da verdadeira felicidade tão desejada por
todos os homens de todos os tempos.
Além
de tudo isso que falamos anteriormente, a pergunta paulina é uma pergunta
vocacional. Paulo quer saber qual o chamado que Deus tem para ele, qual a
missão que o Senhor quer confiá-lo. E assim deve ser também a nossa pergunta
para Deus: “Senhor, o que queres que eu faça?”; Qual a missão que o Senhor quer
me confiar? Aonde queres me enviar? Sabendo que ao perguntar já estou me
disponibilizando para assumi-la com todo amor e zelo. Amor este que virá do
próprio Senhor à medida que eu estreite a minha amizade com Ele, permitindo-me
ser revestido da parresia, do amor pelas almas que vem do Espírito Santo.
E qual
é a grande e principal missão que Deus me dá? Vejamos a resposta da boca do
próprio Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!”
(Mc 16,15). Eis o grande mandato missionário de Jesus, confiado a cada cristão,
por isso, com a nossa Santa Mãe Igreja Católica Apostólica Romana, podemos
dizer: nossa missão é evangelizar. E esta é uma missão grandiosa, pois dela
depende a salvação das almas. Salvação que é vida feliz já aqui nesta terra e
que se estende por toda eternidade.
Deu
para sentir o tamanho da sua missão? Do teu encontro pessoal com Jesus, da tua
entrega ao Seu senhorio e da tua vida missionária, depende a salvação do mundo
inteiro. Pois já nos diz o Senhor em Isaías 49,6: “eu te farei luz das nações,
para que minha salvação chegue até aos confins da terra”.
E Evangelizar
é apresentar um amigo ao grande Amigo Jesus, ajudando-o a vivenciar um encontro
pessoal com o Senhor, para que Ele assim como você seja impactado pela pessoa
de Jesus, tornando-se também um amigo íntimo dele que, por sua vez, alcançará
outros que alcançarão outros para a Graça da Salvação chegar aos confins da
terra. Já dizia Bento XVI: “A maior caridade é a evangelização”.
E,
para nós, o grande modelo de discípulo missionário é São Paulo Apóstolo! Ele
após seu encontro pessoal com Jesus Cristo não mediu esforços para evangelizar,
não perdeu tempo, usou de todos os meios que teve acesso, aproveitou todas as
oportunidades que Deus lhe concedeu para evangelizar e discipular pessoas, nos
momentos oportuno e inoportunos. Ele tinha uma “determinada determinação”, como
dizia Santa Teresa, por alcançar almas. Ecoava em seu interior a frase: “Ai de
mim se eu não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9,16)
Que
nós também nos deixemos envolver pelo amor do Senhor em salvar a humanidade e
aceitemos ser mais um operário de sua messe tão necessitada de evangelizadores
que comuniquem o Senhor através de seu modo de viver, de seu testemunho
pessoal, de seu serviço a todos os que necessitam de algum tipo de apoio, de
sua oração como intercessão constante em favor do próximo, da sua abertura e
acolhida ao outro através do diálogo e da escuta sincera e do seu anúncio
explícito do Evangelho para a Salvação de todos.
Tomemos
para nós com toda reverência e disposição interior o mesmo que foi dito para
Paulo:
“O
Deus de nossos antepassados escolheu-te para conheceres a sua vontade, veres o
Justo e ouvires a sua própria voz. Porque tu serás a sua testemunha diante de
todos os homens, daquilo que viste e ouviste. E agora, o que estás esperando?
Levanta-te, recebe o batismo e purifica-te dos teus pecados, invocando o nome
dele!” (At 22,14-16).
Compreendamos
a urgência da evangelização e corramos para o cumprimento da nossa missão com o
amor e a alegria de Jesus Ressuscitado para impactarmos o mundo inteiro!
Graça
e Paz!
Edilma
Saboia
Discípula
Consagrada de Aliança do DJC
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