
Mais do que nunca é preciso que abramos o
nosso coração para a graça do Espírito Santo, e fortalecidos pelo seu amor
misericordioso, travarmos uma verdadeira luta contra toda a força de morte que
tenta obscurecer nossa fé, por termos decidido pertencer ao Reino de Deus.
Precisamos confiar e depositar nossa vida e
caminhada nas mãos do Senhor. Não podemos nos contentar em permanecer em
momentos de nossa vida: me converti, me comprometi e isto basta. “No caminho que
o discípulo é chamado a percorrer, seguindo as pegadas de Cristo, a conversão
está sempre sujeita à tentação”. Daí é necessário renovar constantemente o
encontro com Jesus Cristo vivo e ressuscitado. “É vigiando que não se cai em
tentação”.
Temos a pretensão de pensar que depois de
convertidos a tentação não nos atinge mais: satanás ficou para trás... Não nos
iludamos! Quanto mais crescemos espiritualmente, mais a tentação nos atormenta,
mais sutil e enganadora, suja e covarde ela é... Nenhum de nós escapa da
tentação. Ela sempre se apresenta de forma boa, formosa à vista, desejável.
Pedro foi tentado, Paulo também. O próprio Jesus passou pela tentação. A
derrota de fato, não está em sermos tentado, mas em cedermos a ela. Cristo nos
ensinou e nos chama a sermos vitoriosos.
Quando estamos a serviço, a vigilância deve
ser redobrada, pois temos que tomar muito cuidado e ficar atentos,
especialmente aqueles que cantam, tocam, pregam e se utilizam de palco e
microfone. Já estamos em um ambiente propício e nossa natureza nos leva a
querer aparecer, ser reconhecido, aplaudido. Ou dominamos essa tendência
natural ou nossa velha natureza nos domina.
Não podemos alimentar o nosso ego, ao
contrário, precisamos destroná-lo, por que ele é ávido de aplausos, de sucesso.
Não podemos confiar em nós mesmos. Precisamos nos mortificar para que morra em
nós o que é velho e nasça pelo poder do Espírito Santo, uma pessoa nova: à
imagem e semelhança de Deus.
Precisamos sim vigiar e orar incessantemente
no Espírito, preparando-nos para vencer a tentação, pois o inimigo não vai
querer nos perder. Ele não vai querer perder o terreno que havia usurpado:
“Quando um espírito impuro sai de um homem, ele percorre regiões áridas em
busca de descanso, mas não encontra. Então, diz consigo mesmo, vou retornar a
morada onde saí. ( Mt 12, 43-44).
Até o final de nossa vida seremos um terreno
disputado. Somos nós que daremos a vitória a Jesus ou ao demônio. Ou
tornamo-nos tolos nas mãos do inimigo, ou daremos a vitória definitiva a Jesus
que é o Senhor deste terreno que somos nós. “Ceder à concupiscência qualquer
fraco faz... e está fazendo. Mas aqueles que são realmente homens e mulheres de
Deus vencem a tentação pela vontade de dar ao Senhor a Vitória”.
Não podemos ser ingênuos. É preciso ser
combatentes e frutificar unicamente as sementes de Jesus e fechar-nos para as
sementes que o príncipe deste mundo lança sobre nós.
Faz-se assim necessário a nossa conversão
diária. A busca do Deus vivo que habita dentro de nós. A busca do conhecimento
experimental que acontece dia-a-dia na intimidade da Oração e da Meditação
Orante da Palavra de Deus. Da vivência amorosa de nossa disciplina.
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as
ciladas do maligno. Tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no
dia mau, e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Tomai,
também o capacete da Salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus,
com toda a Oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e para isto,
vigiando com toda a perseverança e súplica” (Ef 6, 11-18).
É bom lembrarmos que a vida cristã, requer
dureza, luta e garra para não trairmos a causa de Cristo e nem o expulsarmos de
nossas vidas com injúrias, crucificando-o novamente. São muitos os que precisam
de nós como instrumentos de Deus. São muitos os que estão à procura da verdade
e da felicidade por caminhos errados, necessitando de nós como instrumentos de
conversão. “Mas como eles vão ouvir, se não tem quem lhes pregue?” (Rm 10, 14).
Como poderemos ser luz, como nos ordena Jesus, se não buscarmos, por nossa
conversão diária, sair das trevas que nos aprisiona? Como ousamos dizer que
somos discípulos de Jesus Cristo se não pararmos para ouvi-lo?
Não podemos nos contentar com nossa primeira
conversão. Cristo espera de nós uma verdadeira e contínua conversão. Chegar ao
meio do caminho é pouco demais. É preciso continuar a caminhada. É preciso
fazer mais do que o possível, gastar mais do que nos foi dado para o trabalho,
na alegria de saber que o próprio Cristo que nos pagará em sua volta. “Sou eu
que te pagarei na minha volta, se gastardes alguma coisa a mais” (Lc 10, 35b).
Alertemo-nos! Não sejamos presas fáceis de
satanás, e sim, livres e conscientes, abertos a obra da misericórdia de Deus.
Também não podemos ficar nas alturas, alienados, com a espiritualidade
desencarnada; ou ainda, vivendo de saudosismo espiritual, daquilo que já
conquistamos. Temos de descer, enfrentar as dificuldades do momento presente e
encontrar o Deus vivo na realidade de cada dia, em cada novo instante.
Continuamos em processo de estruturação.
Precisamos nos alertar mais ainda para não sermos reprovados, por causa dos
altares que nos são oferecidos por satanás. Nas tentações diárias, sejamos
cristãos combatentes em busca da vitória para Cristo e com Cristo.
Neste sentido, nós discípulos de Jesus não
podemos nos acomodar com aquilo que já aprendemos e conquistamos. Temos de
caminhar decididamente, sempre cada vez mais no conhecimento do Senhor, para
vivermos com fidelidade o compromisso assumido com Ele: Sermos e formar novos
discípulos para Ele.
Estamos construindo nossa história. As
respostas, Deus tem nos dado e nos dará à medida que abrirmos nossos corações,
percebendo os sinais de amor que Ele nos fará entender, para cada novo
instante.
Quem segue Jesus não caminha nas trevas, pois
possui a Luz da vida. Neste sentido, não há o que temer e nem desanimar. Já
fomos lavados no sangue do Redentor e a vitória já nos é garantida.
Caminhemos decididamente, buscando “ser mais”
é colocar nosso coração a serviço de Deus e da missão. Frutifiquemos então em
boas obras!!!!!
Leila Lemos
Assistente Geral das Vocações (AGV)
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