"Isto
é o meu Corpo entregue por vós"
A Eucaristia faz a Igreja mediante a consagração
No
primeiro capítulo do livro “A Eucaristia, nossa santificação” Frei Raniero
considerou o Santíssimo Sacramento na história da Salvação, na qual ele está
presente, sucessivamente, como figura(Antigo Testamento), como
acontecimento(Novo Testamento) e como sacramento(tempo este da Igreja que
estamos vivendo).
Agora,
mais do que dizer que a Eucaristia está no centro da Igreja, enfoca-se que a Eucaristia
faz a Igreja!
Há
dois sacramentos que constroem a Igreja: O Batismo e a Eucaristia.
Enquanto
o Batismo constrói a Igreja em extensão, em número, a Eucaristia fá-la crescer
com intensidade, qualitativamente, porque a transforma cada vez mais em
profundidade à imagem da sua Cabeça, Cristo.
A
Eucaristia dentro da Igreja é como o fermento na massa (Mt 13,33). De vários
modos a Eucaristia faz a Igreja: mediante a consagração, comunhão, contemplação
e mediante a imitação.
1. Ofereçais vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Este é o vosso culto autêntico(Rm 12,1).
São
Paulo diz isso lembrando-se sem dúvida nenhuma daquelas palavras de Cristo na
Última Ceia: “Tomai e comei: isto é o meu corpo entregue em sacrifício por
vós”. São Paulo está querendo dizer: façam o mesmo que Jesus fez.
Jesus
mesmo disse: “Fazei isto em memória de mim”. Jesus não dizia repetir só os seus
gestos, mas fazer a substância que ele fez, oferecer também o nosso corpo como
Ele ofereceu o dele.
Olhemos
com olhos novos o momento da consagração eucarística, porque agora sabemos,
como diz Santo Agostinho, que “é também o nosso mistério que se celebra no
altar”.
2. “Tomai, todos, e comei...”
Como
é que também devemos fazer “nossas” estas palavras?
Antes
eu fechava os olhos, inclinava a cabeça, procurava isolar-me... Mas depois que
compreendi que somos um só com Jesus Ressuscitado, já não fecho os olhos na
hora da consagração. Olho para os irmãos e dirigindo-me a eles, digo como
Jesus: Tomai, todos, e comei: isto é o meu corpo.
Santo
Agostinho dizia também: “Toda a cidade redimida, ou seja, a assembléia
comunitária dos santos é oferecida a Deus como sacrifício universal pela
mediação do sumo sacerdote que na paixão Se ofereceu a Si mesmo por nós na
forma de servo, para que fôssemos o corpo de uma Cabeça tão excelsa. A Igreja
celebra este mistério no sacramento do altar bem conhecido dos fiéis; nele é
mostrado que, naquilo que se oferece, é ela mesma que se oferece”.
Há
dois corpos de Cristo sobre o altar: está o seu corpo real (o corpo “nascido”
de Maria Virgem) e está o seu corpo místico, que é a Igreja. Não há nenhuma
confusão entre duas presenças que são bem diversas, mas também nenhuma divisão.
A
Eucaristia faz a Igreja, fazendo da Igreja uma Eucaristia!
A
santidade do cristão deve realizar-se segundo a “forma” da Eucaristia; deve ser
uma santidade eucarística.
3.
“Isto é o meu corpo, isto é o meu sangue”
Se
na eucaristia estamos também nós, e nos dirigimos aos irmãos, dizendo: “Isto é
o meu corpo, tomai todos e comei. Isto é o meu sangue, tomai, todos, e bebei”,
temos que saber o que é corpo e sangue para saber o que oferecemos.
Na
Bíblia corpo não indica um componente do homem, mas o homem todo enquanto vida
vivida num corpo.
Sangue é a sede da vida, o derramamento dele significa morte.
A
Eucaristia é o mistério do corpo e do sangue do Senhor, ou seja, da vida e da
morte do Senhor!
O
que oferecemos juntamente com Jesus, na Missa? Oferecemos também nós o que
Jesus ofereceu: a vida e a morte. Com a palavra corpo doamos
tudo o que constitui concretamente a vida que trazemos neste corpo: tempo,
saúde, energias, capacidades, afeto, porventura um só sorriso.
Com
a palavra sangue oferecemos a morte. Não necessariamente o martírio, mas tudo
aquilo que desde agora, prepara e antecipa a morte: humilhações, insucessos,
doenças que imobilizam, limitações devidas à idade, à saúde, tudo o que nos
“mortifica”.
Logo
que saímos da Missa, nos esforcemos por realizar o que dissemos. Se assim não
for, tudo fica palavra vazia, mentira até.
Uma
mãe de família celebra sua Missa com toda uma participação pessoal no momento
da consagração. Depois vai pra para casa e começa o seu dia feito de mil
pequenas coisas. A sua vida é literalmente fragmentada, fracionada como a
hóstia consagrada; mas não é coisa pequena o que ela faz: é uma eucaristia
juntamente com Jesus. Assim também com a freira, com os sacerdotes... Como
Jesus permanece uno na fração do pão, assim uma vida gasta deste modo é
unitária, não é dispersiva e aquilo que a torna unitária é o fato de ser
eucaristia! Um mestre espiritual dizia: “De manhã, na Missa, eu sou sacerdote e
Jesus é vítima; ao longo do dia, Jesus é sacerdote e eu vítima”.
Graças
à Eucaristia já não há vidas inúteis!
4. “Vem para o Pai!”
O
segredo está em oferecer-se completamente, não reservando nada para si. Tudo
aquilo que alguém reserva para si perde-se, porque não se possui senão aquilo
que se oferece.
“Senhor,
tudo o que há, no Céu e na Terra, é vosso. Desejo consagrar-me a Vós, por uma oblação
voluntária, e ser perpetuamente vosso. É, pois, na simplicidade do meu coração,
que eu me ofereço a Vós neste dia, para ser eternamente vosso escravo, para Vos
servir e para me imolar à vossa glória. Recebei este sacrifício, que Vos faço
de mim, junto com o do vosso precioso Corpo, que vos ofereço, hoje, na presença
dos anjos, que a ele assistem, invisilvemente, a fim de que seja para salvação
minha e de todo o povo”. (Imitação de Cristo).
Como
ter força para esta oferta total de si mesmo? A resposta é: o Espírito Santo!
Jesus ofereceu-se a Si mesmo graças a um “Espírito eterno”(Hb 9,14). O Espírito
Santo está na origem de cada movimento de doação de si mesmo.
Santo
Inácio de antioquia, para convencer os cristãos de Roma a nada fazer para impedir
o seu martírio, confia-lhes um segredo: “Há dentro de mim uma água viva que
murmura e diz: Vem para o Pai”. É a voz inconfundível do Espírito de Jesus que,
regressando ao Pai, agora pode dizer também ao seu discípulo: Vem, oferece-te
comigo!
A Eucaristia, nossa santificação. Cantalamessa, Raniero, Paulus, São Paulo, pp. 21-36 Resumido por Pe. Marcos Oliveira
A Eucaristia, nossa santificação. Cantalamessa, Raniero, Paulus, São Paulo, pp. 21-36 Resumido por Pe. Marcos Oliveira
Comentários
Postar um comentário