V. SUA ESPERANÇA
Da fé nasce a esperança. Pois Deus nos ilumina
com a fé, fazendo-nos conhecer sua bondade e suas promessas, para que nos
elevemos pela esperança ao desejo de possuí-lo. Possuindo Maria a virtude da fé
por excelência, teve também, por excelência, a virtude da esperança. Bem podia
dizer com Davi: Para mim a felicidade é apegar-me a Deus, pôr no Senhor Deus a
minha esperança (Sl 22,28). Maria foi a fiel esposa do Espírito Santo,
aplaudida nos Cânticos: Quem é esta que sobe do deserto inundando delícias, e
firmada sobre o seu amado? (8,5). Sobre o texto diz o Cardeal Algrino: “Maria
foi sempre e totalmente desapegada dos afetos do mundo, que lhe passava por um
deserto. Não confiava nem nas criaturas, nem nos próprios merecimentos, mas só contava
com a graça divina, na qual estava toda a sua confiança. E assim se adiantou
cada vez mais no amor de seu Deus”.
1. Mostrou, de fato, a Santíssima Virgem
quanto lhe era grande essa confiança em Deus, primeiramente ao ver a
perplexidade de S. José, seu esposo, que, ignorando a misteriosa maternidade de
sua esposa, pensava em deixá-la
Parecia, então, como já consideramos, ser
necessário que lhe revelasse o oculto mistério. Entretanto ela não quis
manifestar por si mesma a graça recebida, diz Cornélio a Lápide. Preferiu
abandonar-se à Providência divina, na certeza de que o próprio Deus viria
defender-lhe a inocência e a reputação.
Provou ainda sua confiança em Deus quando,
próxima ao parto, se viu em Belém, expulsa até da hospedaria dos pobres, e
reduzida a dar à luz numa estrebaria. “E o reclinou numa manjedoura, porque não
havia lugar para eles na estalagem” (Lc 2,7). Nem a menor queixa lhe
escapou dos lábios. Abandonou-se, pelo contrário, completamente nas mãos de Deus
e confiou que então a assistiria nesse transe.
Igual confiança mostrou também na Providência
quando S. José a avisou de que era necessário fugir para o Egito. Ainda na
mesma noite, partiu para a longa e penosa viagem a um país desconhecido, sem
provisões, sem dinheiro e sem outro acompanhamento senão o do Menino Jesus e de
seu pobre esposo. “E levantando-se, José tomou consigo, ainda noite, o Menino e
sua Mãe e retirou-se para o Egito” (Mt 2,14).
Melhor ainda demonstrou, porém, sua confiança,
quando pediu ao Filho o milagre do vinho em favor dos esposos de Caná.
Disse-lhe apenas: Eles não têm vinho. Ao que respondeu Jesus: Que nos importa
isso, a mim e a ti? Minha hora ainda não chegou (Jo 2,4). Apesar da aparente
repulsa, confiada na divina bondade, ordenou a Virgem aos servos que fizessem
resolutamente o que lhes ordenasse o Filho. Pois era garantida a graça rogada.
Com efeito, Cristo Senhor mandou encher com água os vasos e depois a mudou em
vinho.
2. Aprendamos, portanto, de Maria, como ter
esperança em Deus, principalmente no grande assunto da salvação eterna
Para resolvê-lo, é indispensável a nossa
cooperação; contudo só de Deus devemos esperar a graça para consegui-lo.
Desconfiando de nossas próprias forças, devemos dizer com o apóstolo: Tudo
posso naquele que me fortifica (Fl 4,13).
Trecho extraído do livro Glórias de Maria de Santo Afonso Maria de Ligório.
São 10 as virtudes de Maria destacadas por Santo Afonso. Continua no próximo artigo.
Veja o artigo anterior desta série: As Virtudes de Maria - Sua Fé!
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