O maior acontecimento da História da humanidade
é a Encarnação, Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de
Deus feito homem.
Depois da Encarnação e Morte cruel de Jesus na
Cruz, ninguém mais tem o direito de duvidar do amor de Deus pela humanidade.
Disse o próprio Jesus que “Deus amou a tal ponto o mundo que deu o seu Filho
Único para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.”
(Jo 3,16)
São Paulo explica a grandeza desse amor de Deus
por nós com as palavras aos romanos:
“Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando
éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós… Se, quando éramos ainda
inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito mais
razão, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida.” (Rm 5,8-10)
Cristo veio a este mundo para nos salvar, para
morrer por nós. Deus humanado morreu por nós. O que mais poderíamos exigir de
Deus para demonstrar a nós o seu amor? Sem isto a humanidade estaria
definitivamente longe de Deus por toda a eternidade, vivendo o inferno, a
separação de Deus. Por quê?
Porque o homem pecou e peca, desde os nossos
primeiros antepassados; e o pecado é uma ofensa grave a Deus, uma desobediência
às suas santas Leis que rompe nossa comunhão com Ele; e esta ofensa se torna
infinita diante da Majestade de Deus que é infinita. Por isso, diante da
Justiça de Deus, somente uma reparação de valor Infinito poderia reparar essa
ofensa da humanidade a Deus. E, como não havia um homem sequer capaz de reparar
com o seu sacrifício esta ofensa infinita a Deus, então, o próprio Deus na
Pessoa do Verbo veio realizar essa missão.
Nisto vemos o quanto Deus ama, valoriza,
respeita o homem. O Verbo divino se apresentou diante do Pai e se ofereceu para
salvar a sua mais bela criatura, gerada “à sua imagem e semelhança” (Gn 1,26).
A Carta aos Hebreus explica bem este fato
transcendente:
“Eis por que, ao entrar no mundo, Cristo diz: Não quiseste
sacrifício nem oblação, mas me formaste um corpo. Holocaustos e sacrifícios
pelo pecado não te agradam. Então eu disse: Eis que venho (porque é de mim que
está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade (Sl
39,7ss). Disse primeiro: Tu não quiseste, tu não recebeste com agrado os
sacrifícios nem as ofertas, nem os holocaustos, nem as vítimas pelo pecado
(quer dizer, as imolações legais). Em seguida, ajuntou: Eis que venho para
fazer a tua vontade. Assim, aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova
economia. Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma
vez para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo. Enquanto todo sacerdote
se ocupa diariamente com o seu ministério e repete inúmeras vezes os mesmos
sacrifícios que, todavia, não conseguem apagar os pecados, Cristo ofereceu
pelos pecados um único sacrifício e logo em seguida tomou lugar para sempre à
direita de Deus.” (Hebreus 10,5-10)
A Semana Santa celebra todos os anos este
acontecimento inefável: a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo para a
salvação da humanidade; para o seu resgate das mãos do demônio, e a sua
transferência para o mundo da luz, para a liberdade dos filhos de Deus.
Estávamos todos cativos do demônio, que no Paraíso tomou posse da humanidade
pelo pecado. E com o pecado veio a morte (Rm 6,23).
Mas agora Jesus nos libertou; “pagou o preço do
nosso Resgate”. Disse São Paulo: “Sepultados com ele
no batismo, com ele também ressuscitastes por vossa fé no poder de Deus, que o
ressuscitou dos mortos. Mortos pelos vossos pecados e pela incircuncisão da
vossa carne, chamou-vos novamente à vida em companhia com ele. É ele que nos
perdoou todos os pecados, cancelando o documento escrito contra nós, cujas
prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na cruz.
Espoliou os principados e potestades, e os expôs ao ridículo, triunfando deles
pela cruz. (Col 2,12-14)
Quando fomos batizados, aplicou-se a cada um de
nós os efeitos da Morte e Ressurreição de Jesus; a pia batismal é portanto o
túmulo do nosso homem velho e o berço do nosso homem novo que vive para Deus e
sua Justiça. É por isso que na Vigília Pascal do Sábado Santo renovamos as
Promessas do Batismo.
O cristão que entendeu tudo isso celebra a
Semana Santa com grande alegria e recebe muitas graças. Aqueles que fogem para
as praias e os passeios, fazendo apenas um grande feriado, é porque ainda não
entenderam a grandeza da Semana Santa e não experimentaram ainda suas graças.
Ajudemos essas pessoas a conhecerem tão grande Mistério de Amor.
O católico convicto celebra com alegria cada
função litúrgica do Tríduo Pascal e da Páscoa. Toda a Quaresma nos prepara para
celebrar com as disposições necessárias a Semana Santa. Ela se inicia com a
celebração da Entrada de Jesus em Jerusalém, o Domingo de Ramos. O povo simples
e fervoroso aclama Jesus como Salvador. O povo grita “Hosana!”, “Salva-nos!”;
Ele é Redentor do homem. Nós também precisamos proclamar que Ele, e só Ele, é o
nosso Salvador (cf. At 4,12).
Na Missa dos Santos Óleos (Manhã da
Quinta-feira Santa, na Catedral) a Igreja celebra a Instituição do Sacramento
da Ordem e a bênção dos santos óleos do Batismo, da Crisma e da Unção dos
Enfermos. Na Missa do Lava-pés, na noite da Quinta-feira Santa (Na Matriz da
Paróquia), a Igreja celebra a Última Ceia de Jesus com os Apóstolos onde Ele
instituiu a Sagrada Eucaristia e deu suas últimas orientações aos Apóstolos.
Na Sexta-Feira Santa a Igreja guarda o grande
silêncio diante da celebração da morte do seu Senhor. Às três horas da tarde é
celebrada a Paixão e Morte do Senhor. Em seguida, a Procissão do Senhor Morto
por cada um de nós. Cristo não está morto, e nem morre outra vez, mas celebrar
a sua Morte é participar dos frutos da Redenção.
Na Vigília Pascal a Igreja canta o “Exultet”, o
canto da Páscoa, a celebração da Ressurreição do Senhor que venceu a morte, a
dor, o inferno, o pecado. É o canto da Vitória. “Ó morte onde está o teu
aguilhão?”
A vitória de Cristo é a vitória de cada um de
nós que morreu com Ele no Batismo e ressuscitou para a vida permanente em Deus;
agora e na eternidade.
Celebrar a Semana Santa é celebrar a vida, a
vitória para sempre. É recomeçar uma vida nova, longe do pecado e em comunhão
mais intima com Deus. Diante de um mundo carente de esperança, que desanima da
vida porque não conhece a sua beleza, celebrar a Semana Santa é fortalecer a
esperança que dá a vida. O Papa Bento XVI disse em sua encíclica “Spe Salvi”,
que sem Deus não há esperança; e sem esperança não há vida.
Esta é a Semana Santa que o mundo precisa
celebrar para vencer seus males, suas tristezas, suas desesperanças.
Prof. Felipe Aquino